A Microsoft afirma ter uma solução para um problema recorrente: prompts que não geram a resposta esperada, levando a um ciclo de tentativa e erro que consome tempo e recursos.

Esse loop ineficiente transforma o que deveria aumentar a produtividade em perda de tempo. Segundo a empresa, a repetição de ajustes pode ser imprevisível e desanimadora, e trabalhadores do conhecimento acabam gastando mais tempo gerenciando a interação com a IA do que assimilando o conteúdo pretendido.

A resposta da Microsoft é o Promptions (prompt + options), um framework de interface open-source pensado para reduzir essa fricção. Em vez de depender de solicitações vagas em linguagem natural, o Promptions oferece controles de interface dinâmicos e precisos, padronizando a forma como equipes interagem com modelos de linguagem e deslocando o uso de chats não estruturados para fluxos de trabalho guiados e mais confiáveis.

O gargalo da compreensão

Muita atenção pública foca em IA que gera texto ou imagens, mas uma parte enorme do uso corporativo é sobre entender — pedir que a IA explique, esclareça ou ensine. Essa diferença é crucial para ferramentas internas. Por exemplo: uma mesma fórmula de planilha pode exigir uma decomposição sintática simples para um usuário, um guia de depuração para outro e uma explicação didática para treinar colegas. O nível de detalhe depende do papel, domínio e objetivos de cada pessoa.

Interfaces de chat atuais raramente capturam essa intenção com precisão. Frases mal formuladas não transmitem o nível de detalhe necessário, e esclarecer o pedido pode demandar prompts longos e trabalhiosos. O Promptions atua como uma camada intermediária para mitigar esse problema: analisa a intenção e o histórico da conversa e gera, em tempo real, opções clicáveis — por exemplo, comprimento da explicação, tom ou áreas de foco — evitando que o usuário precise digitar especificações extensas.

Eficiência versus complexidade

Pesquisadores da Microsoft compararam controles estáticos com o novo sistema dinâmico em testes que simulam uso real. Os participantes relataram de forma consistente que os controles dinâmicos facilitavam a expressão dos detalhes das tarefas sem a necessidade de reformular prompts repetidamente. Isso reduziu o esforço de “prompt engineering” e permitiu que os usuários concentrassem-se mais em compreender o conteúdo do que em ajustar a forma de perguntar. Opções como “Objetivo de Aprendizagem” e “Formato de Resposta” estimularam maior reflexão sobre metas específicas.

Por outro lado, houve trade-offs. Embora valorizassem a adaptabilidade, alguns usuários acharam o sistema mais difícil de interpretar. Foi comum a dificuldade em prever como uma opção escolhida influenciaria a resposta, tornando os controles aparentemente opacos até que o resultado fosse entregue. Isso evidencia a necessidade de equilíbrio: interfaces dinâmicas podem simplificar tarefas complexas, mas podem criar uma curva de aprendizado em que a relação entre um checkbox e o resultado final precisa ser assimilada pelo usuário.

Como funciona o Promptions

O Promptions foi concebido como uma camada leve, posicionada entre o usuário e o modelo de linguagem subjacente. Sua arquitetura tem dois componentes principais:

- Option Module: analisa o prompt do usuário e o histórico da conversa para gerar elementos de interface relevantes.

- Chat Module: incorpora as seleções feitas pelo usuário para produzir a resposta da IA.

Um ponto relevante para equipes de segurança é o design sem estado: não há necessidade de armazenar dados entre sessões, o que simplifica a implementação e reduz preocupações de governança de dados associadas a sobreposições complexas de IA.

Do “prompt engineering” à “seleção de prompts”

Ao transformar prompts livres em seleções guiadas, o Promptions promete tornar as saídas mais consistentes dentro de uma organização. Estruturas de UI que orientam a intenção podem reduzir a variabilidade das respostas e melhorar a eficiência do time.

Entretanto, o sucesso depende de calibração. Persistem desafios de usabilidade sobre como opções dinâmicas afetam o output e como gerenciar a complexidade de múltiplos controles. Líderes tecnológicos devem encarar o Promptions não como uma solução definitiva para todos os problemas de prompts, mas como um padrão de design a ser testado em plataformas internas de desenvolvimento e ferramentas de apoio.