Imagine um futuro onde a inteligência artificial redefine completamente a soberania nacional, transformando o Brasil de um consumidor passivo de tecnologias estrangeiras em um protagonista global da inovação digital. Esse cenário não é ficção científica, mas o cerne de um debate acalorado promovido pela Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Em um evento recente, especialistas reuniram-se para dissecar as oportunidades e riscos da IA para o país, destacando temas cruciais como soberania digital e infraestrutura crítica.

A importância desse debate transcende as salas de conferência e chega diretamente ao coração da economia brasileira. Com o avanço exponencial da IA, nações ao redor do mundo competem por supremacia tecnológica, e o Brasil não pode ficar à margem. O evento enfatizou avanços recentes do país na área, como iniciativas governamentais que posicionam o Brasil no mapa global da IA, ao mesmo tempo em que alertou para preocupações como a perda de autonomia humana, agravamento de desigualdades sociais e precarização do trabalho.

Neste artigo, mergulharemos fundo no que foi discutido nesse painel estratégico, explorando o contexto geopolítico da IA, os impactos no Brasil e as estratégias para mitigar riscos enquanto maximizamos ganhos. Abordaremos desde a explicação detalhada do evento até exemplos práticos, perspectivas de especialistas e tendências futuras, oferecendo uma visão completa para profissionais de tecnologia que buscam navegar nesse novo paradigma.

Dados globais ilustram a urgência: segundo projeções amplamente conhecidas, o mercado de IA deve ultrapassar US$ 500 bilhões até 2025, com o Brasil possuindo um vasto potencial em dados de setores como agronegócio e saúde. No entanto, sem soberania digital, o país arrisca depender de gigantes estrangeiras, perdendo controle sobre dados sensíveis e infraestrutura crítica.

O evento principal, intitulado “Geopolítica da IA: Oportunidades e Riscos para o Brasil em 2026”, foi promovido pela Enap em parceria com o Serpro, ocorrendo em formato online com transmissão pelo YouTube do Canal Enap. Realizado no dia 2 de dezembro, às 14h, o painel reuniu palestrantes de peso, como Alexandre Gomide, diretor da Aitos Estudos Enap, Diogo Cortiz, professor da PUC-SP e pesquisador no NIC.br, e Sergio Kamache, assessor da Diretoria de Negócios Econômico-Fazendários do Serpro.

Esses especialistas debateram temas estratégicos que já moldam o futuro, incluindo soberania digital – a capacidade de um país gerenciar seus próprios dados e algoritmos sem subordinação externa –, infraestrutura crítica, como redes elétricas e sistemas financeiros protegidos por IA, e o impacto geopolítico das novas tecnologias. O foco foi equilibrar otimismo com realismo, reconhecendo os avanços recentes do Brasil na área de IA.

Para contextualizar historicamente, o Brasil tem investido em IA desde a década de 2010, com a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial (EBIA) de 2021 pavimentando o caminho. Recentemente, o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028 representa um marco, prevendo projetos-piloto de IA em indústrias chave e programas robustos de formação de profissionais, visando não apenas adotar, mas desenvolver tecnologias soberanas.

Tecnicamente, a pilha de IA – conjunto de camadas desde hardware até aplicações – exige investimentos em supercomputadores e dados locais. O Serpro, como processador de dados governamentais, posiciona-se como pilar nessa infraestrutura, enquanto eventos como esse fomentam o diálogo entre academia, governo e setor privado, evitando que o Brasil repita erros de dependência tecnológica vistos em telecomunicações.

Entre os impactos discutidos, a perda de autonomia humana surge como risco primordial. A IA generativa, como modelos de linguagem avançados, pode automatizar decisões, mas sem governança, leva a vieses que perpetuam desigualdades. No Brasil, com sua diversidade social, isso agrava disparidades regionais, onde o Norte e Nordeste podem ficar para trás se não houver inclusão digital.

A precarização do trabalho é outra preocupação: setores como call centers e análise de dados enfrentam automação, potencialmente elevando o desemprego. Por outro lado, oportunidades surgem em novos empregos, como engenheiros de prompts e especialistas em ética de IA, demandando requalificação em massa.

Exemplos práticos abundam globalmente e localmente. Nos EUA, a OpenAI impulsiona inovações, mas levanta debates sobre monopólios. Na China, a Baidu integra IA em infraestrutura crítica. No Brasil, projetos-piloto do PBIA testam IA em agronegócio para otimizar colheitas via análise preditiva, reduzindo perdas em até 20% em testes iniciais, e em saúde pública para triagem de pacientes.

Outro caso é o uso de IA pelo Serpro em processamento fiscal, acelerando auditorias e combatendo fraudes. Para empresas brasileiras, como bancos como Itaú e Bradesco, adotar IA significa eficiência, mas exige conformidade com a LGPD para soberania de dados, evitando vazamentos para nuvens estrangeiras.

Perspectivas dos especialistas no painel foram unânimes: o Brasil tem vantagens competitivas, como um mercado interno de 200 milhões de habitantes e dados ricos em português. Diogo Cortiz enfatizou a necessidade de regulação que promova inovação sem sufocá-la, enquanto Sergio Kamache destacou o papel do Serpro em infraestrutura segura.

Análise aprofundada revela que a geopolítica da IA é uma nova Guerra Fria tecnológica: EUA e China dominam chips e modelos, mas blocos como BRICS abrem portas para cooperação sul-sul. O Brasil, com sua neutralidade diplomática, pode liderar em IA ética e inclusiva.

Tendências relacionadas incluem a ascensão de IA federada, treinada em dados descentralizados para preservar privacidade, e edge computing para infraestrutura crítica. No Brasil, espera-se expansão do PBIA com mais R&D em universidades como USP e Unicamp.

O que esperar? Até 2026, projetos-piloto devem escalar, formando milhares de profissionais via plataformas como Enap. Globalmente, regulamentações como o AI Act da UE influenciarão o Brasil, forçando adaptações em exportações tech.

Para empresas, investir em parcerias público-privadas é chave, como o modelo Serpro com startups. Profissionais devem upskill em ferramentas como TensorFlow e ética computacional para se posicionar à frente.

Em resumo, o debate da Enap e Serpro ilumina o duplo fio da IA: oportunidades de soberania e crescimento versus riscos de desigualdade e dependência. Avanços como o PBIA sinalizam compromisso nacional.

Olhando ao futuro, o Brasil precisa acelerar investimentos em formação e infraestrutura para colher frutos até 2026, evitando que a IA beneficie apenas elites globais. Colaborações internacionais equilibradas serão cruciais.

Para o mercado brasileiro, isso implica transformação: indústrias adotarão IA para competitividade, mas com foco em empregos inclusivos. O governo, via Serpro e Enap, lidera essa transição.

Convido você, profissional de tecnologia, a refletir: como sua empresa ou carreira se prepara para essa geopolítica da IA? Participe de debates, invista em capacitação e contribua para uma IA soberana. O futuro digital do Brasil depende de ações hoje. Fonte: Serpro (https://www.serpro.gov.br/menu/noticias/noticias-2025/oportunidades-e-riscos-da-ia)