A Lenovo vai reforçar sua presença no mercado brasileiro de computação de alto desempenho com a produção local de novas workstations e a chegada de um minicomputador voltado para aplicações de inteligência artificial.
A empresa anunciou que passará a fabricar em Indaiatuba (SP) três modelos da linha profissional: as torres ThinkStation P3 Tower G2 e ThinkStation P2 G2, além do notebook ThinkPad P16v G3. Paralelamente, o compacto ThinkStation PGX, focado em IA, será importado e comercializado no país.
### Workstations com foco em IA e alto desempenho
Os novos equipamentos apresentados pela Lenovo vêm equipados com GPUs Nvidia RTX Pro baseadas na arquitetura Blackwell, desenvolvida especificamente para cargas de trabalho de inteligência artificial. Segundo a empresa, essas GPUs podem alcançar até 3.500 TOPS (trilhões de operações por segundo). Para efeito de comparação, um PC certificado como Copilot+ precisa atingir apenas 40 TOPS para receber essa designação.
No restante da configuração, os modelos contam com processador Intel Core Ultra 9 e diferentes capacidades máximas de memória RAM, dependendo do equipamento:
- ThinkStation P3 Tower G2: até 256 GB de RAM
- ThinkPad P16v G3: até 96 GB de RAM
- ThinkStation P2 G2: até 128 GB de RAM
A produção das torres em solo brasileiro teve início no fim de outubro. Já a fabricação do notebook ThinkPad P16v G3 está prevista para começar em janeiro de 2026.
### ThinkStation PGX: o “minisupercomputador” de IA
Entre as novidades, o destaque fica para o ThinkStation PGX, um minicomputador dedicado a inteligência artificial que, neste primeiro momento, não será produzido no Brasil, apenas importado.
O equipamento traz o superchip Nvidia GB10 Grace Blackwell, voltado para desenvolvimento e treinamento de modelos de IA. Embora seja poderoso, o dispositivo não funciona de forma independente: ele precisa estar conectado a um notebook ou desktop para operar.
Um diferencial do PGX é a possibilidade de empilhamento de unidades, o que permite dobrar a capacidade de processamento ao adicionar mais módulos. A proposta da Lenovo é reduzir a dependência da nuvem para criação e testes de soluções de IA, trazendo esse poder de computação para mais perto do usuário ou da empresa.
### Storage corporativo: ThinkSystem DE Series
Na área de armazenamento, a Lenovo apresentou a linha ThinkSystem DE Series, já utilizada no supercomputador da Petrobras. A família de storages promete instalação, configuração e gerenciamento simplificados, contando ainda com sete anos de garantia.
Os sistemas ThinkSystem DE são escaláveis até cerca de 8 PB de capacidade, com opções de modelos híbridos (discos e flash) e all-flash, voltados a diferentes perfis de carga de trabalho corporativa.
### IA em alta e pressão sobre o preço da RAM
O movimento da Lenovo também é uma resposta ao cenário atual do mercado de hardware, especialmente ao aumento expressivo nos preços de memórias RAM. A demanda crescente puxada pela inteligência artificial tem pressionado a oferta desses componentes.
De acordo com a companhia, sua atuação em 180 países ajuda a mitigar parte desse impacto, graças a uma cadeia de suprimentos mais ampla e diversificada. O general manager da Lenovo no Brasil, Erick Pascoalato, destaca que a empresa não depende de compras oportunistas de componentes na Ásia, embora admita que os custos ainda possam subir.
Pascoalato também comentou as queixas de empresas que alegam não ver, na prática, o retorno esperado com investimentos em IA. Na visão dele, o ponto central é definir claramente qual é o uso mais relevante da tecnologia para cada negócio, lembrando que a aplicação ideal nem sempre é um assistente virtual. Para o executivo, é essencial “encontrar um propósito” claro para adoção da IA dentro das organizações.