Lançado em 30 de novembro de 2022, o ChatGPT inaugurou uma nova fase para a inteligência artificial generativa. Três anos depois, a ferramenta se consolidou como um dos aplicativos mais utilizados no Brasil e no mundo — e o país figura entre os três que mais acessam o chatbot.

Hoje, é quase impensável imaginar uma rotina totalmente desconectada do ChatGPT. O app responde dúvidas rápidas, executa tarefas de forma autônoma, cria imagens, interage com dados de outros aplicativos e participa ativamente do dia a dia de milhões de pessoas. No começo, porém, a realidade era bem diferente: a interface era mais simples, os recursos eram limitados e o modelo de IA por trás do serviço ainda dava seus primeiros passos.

A seguir, um resgate de como tudo começou, o que aconteceu com o modelo original e como o ChatGPT evoluiu desde então.

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### Como era a primeira versão do ChatGPT?

Visualmente, o ChatGPT mudou menos do que muita gente imagina. Se considerarmos apenas a interface, a experiência atual em computadores ainda lembra bastante a da estreia em 2022. A tela inicial passou a exibir sugestões diferentes, novos botões surgiram e mais recursos foram incorporados, mas o conceito de uma janela de chat em que o usuário conversa com a IA continua o mesmo.

A grande transformação está nos bastidores, no cérebro do sistema.

Na época do lançamento, o chatbot rodava sobre o modelo GPT-3.5. Ele chamou atenção pela capacidade de executar tarefas criativas e responder aos comandos como se estivesse em uma conversa natural com o usuário. Essa sensação de diálogo fluido foi o que fez o ChatGPT explodir em popularidade logo no início.

Por outro lado, as limitações eram claras. Uma das principais era o corte temporal dos dados usados no treinamento: o GPT-3.5 só tinha conhecimento até setembro de 2021. Isso fazia com que o modelo não fosse confiável para tratar de eventos mais recentes ou temas que evoluíssem rapidamente, como tecnologias emergentes, notícias do momento ou mudanças em serviços online.

Além disso, naquela fase inicial, o chatbot só respondia em texto, sem suporte a imagens, áudio ou outros formatos. As chamadas “alucinações” — quando a IA inventa informações ou apresenta dados incorretos como se fossem verdadeiros — também eram bem mais comuns na versão original.

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### O modelo original ainda pode ser usado?

Não. O modelo de linguagem que deu vida à primeira versão do ChatGPT, o GPT-3.5, foi oficialmente descontinuado pela OpenAI em 2023 e não está mais disponível para uso.

A empresa vem substituindo esse modelo por versões cada vez mais avançadas, lançadas regularmente ao longo dos últimos anos, até chegar ao GPT-5.1 em 2025. A ideia é sempre atualizar a base tecnológica e melhorar a qualidade das respostas, a segurança e a versatilidade do serviço, em vez de manter modelos antigos ativos.

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### O que mudou desde então?

Desde o lançamento, o ChatGPT deixou de ser apenas um chatbot de perguntas e respostas para se tornar uma plataforma mais ampla, que tenta ocupar espaços centrais no cotidiano digital — inclusive além dos aplicativos tradicionais.

Um dos marcos dessa evolução foi a chegada do GPT-4, que introduziu a chamada capacidade multimodal. Com isso, o modelo passou a aceitar e gerar não só texto, mas também trabalhar com imagens e áudio. Essa mudança ampliou os tipos de interação possíveis, permitindo, por exemplo, que o usuário envie uma imagem para análise ou use voz na comunicação com a IA.

Em seguida, o ChatGPT ganhou a habilidade de pesquisar informações na internet em tempo real. Essa função reduziu parte da limitação temporal e aumentou a confiabilidade das respostas sobre temas mais recentes, como notícias, atualizações de produtos e conteúdos em constante mudança.

Paralelamente, o serviço passou a oferecer interfaces dedicadas para programação, modos avançados de pesquisa na web e ambientes voltados especificamente para estudos, auxiliando em tarefas educacionais e projetos acadêmicos. Também foi incorporado um gerador de imagens, enquanto o gerador de vídeos da empresa ficou restrito a um aplicativo separado.

A ampliação de recursos trouxe também uma mudança de modelo de negócio. A partir de 2023, os recursos mais sofisticados passaram a ser oferecidos em planos de assinatura pagos, tornando o acesso às funções avançadas mais caro, mas garantindo uma estrutura de serviço mais robusta e sustentável para usuários intensivos e empresas.

Hoje, o ChatGPT não se limita ao uso em celulares e computadores. A ferramenta busca expandir para outros cenários, como integração em carros e um novo navegador com agentes de IA embutidos, reforçando a presença da tecnologia em diversos momentos da navegação digital.

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### Um marco para a era da IA

Mesmo sem alcançar o objetivo ambicioso da chamada Inteligência Artificial Geral (AGI), a OpenAI conseguiu algo igualmente transformador: o ChatGPT se tornou um símbolo da nova era da IA e abriu caminho para uma enxurrada de plataformas semelhantes no mercado.

O que começou como uma interface relativamente simples, movida por um modelo com conhecimento limitado no tempo, evoluiu para um ecossistema complexo de ferramentas, modos de uso e integrações. Em poucos anos, o ChatGPT deixou de ser apenas uma curiosidade tecnológica e passou a fazer parte da rotina de milhões de pessoas — especialmente no Brasil, que se consolidou como um dos países que mais utilizam a tecnologia no mundo.