A aposta da Indonésia em um crescimento impulsionado por inteligência artificial está ganhando tração à medida que mais organizações locais buscam criar suas próprias aplicações, modernizar sistemas e fortalecer a governança de dados. Esse movimento ganha novo fôlego com a ampliação dos serviços da Microsoft na região de nuvem Indonesia Central, inaugurada há cerca de seis meses. Com a expansão, empresas, órgãos públicos e desenvolvedores passam a contar com mais opções para rodar cargas de trabalho de IA dentro do próprio país, sem depender tanto de data centers no exterior.

A novidade foi detalhada durante o Cloud & AI Innovation Summit, em Jacarta, que reuniu líderes do setor privado e do governo para discutir como o país pode acelerar suas ambições em IA. Entre os palestrantes estavam Mike Chan, responsável por Azure AI Apps & Agents na Ásia, e Dharma Simorangkir, presidente da Microsoft Indonésia. A mensagem central foi clara: infraestrutura local só faz diferença quando é efetivamente utilizada pelas organizações.

Durante o evento, Dharma destacou que os novos serviços “abrem a porta para que toda organização possa inovar na Indonésia, para a Indonésia”, incentivando equipes de todos os setores a desenvolverem soluções voltadas às necessidades nacionais.

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### Da adoção à construção: um novo estágio da IA no país

Cada vez mais empresas indonésias estão indo além de experimentos básicos com IA e passando a projetar ferramentas desenhadas especificamente para desafios do seu próprio negócio.

A Microsoft classifica esse grupo como Frontier Firms — organizações que tratam a IA como parte central de suas operações, não como um complemento opcional. Em geral, essas empresas se concentram em criar aplicações que facilitem a vida do cliente, otimizem processos internos ou modernizem fluxos de trabalho antigos.

Para sustentar essa mudança de perfil, a região Indonesia Central agora abriga uma variedade de serviços Azure voltados ao design e à implantação de software. Entre eles, estão ferramentas para construir aplicações conectadas a dados, serviços para armazenamento e gerenciamento de dados estruturados e um conjunto de máquinas virtuais preparadas para IA, capazes de treinar e executar modelos avançados. Projetadas para cargas de trabalho de alto desempenho, essas VMs permitem que os dados permaneçam dentro do país enquanto as equipes trabalham com aplicações de IA complexas.

A região também passou a dar suporte ao Microsoft 365 Copilot, levando recursos de IA para ferramentas de trabalho amplamente usadas. Desenvolvedores locais têm ainda acesso ao GitHub Copilot, que sugere trechos de código e acelera o desenvolvimento de software. Juntos, esses serviços formam uma pilha integrada que ajuda as equipes a avançar de pequenos pilotos para ambientes de produção, onde confiabilidade e controle de custos ganham mais peso.

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### Projetos em nuvem começam a se espalhar pela Indonésia

A ampliação da região Indonesia Central vem na esteira de uma demanda consistente desde seu lançamento em maio de 2025. Empresas dos setores de mineração, turismo e serviços digitais já estão utilizando a infraestrutura de nuvem local para atualizar sistemas legados e atender exigências mais rígidas de governança de dados.

Petrosea e Vale Indonesia estão entre as companhias que recorrem à região para apoiar upgrades tecnológicos e garantir armazenamento de dados dentro do país. Ao mesmo tempo, negócios nativos digitais passam a explorar interações mais diretas com IA.

É o caso da tiket.com, que desenvolveu seu próprio assistente de viagens com IA usando o Azure OpenAI Service. O recurso permite que os clientes se comuniquem com a plataforma em linguagem natural, seja para consultar status de voo ou adicionar serviços extras após uma reserva.

“Nossos avanços em inteligência artificial são projetados para oferecer a melhor experiência possível aos nossos clientes”, afirmou Irvan Bastian Arief, PhD, Vice President of Technology GRAND, Data & AI na tiket.com.

Para a empresa, a IA conversacional é uma forma de tornar o planejamento de viagens mais simples, reduzindo atritos no atendimento ao cliente.

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### Colocando ordem nos dados antes de escalar a IA

Um dos pontos centrais discutidos no Summit foi a necessidade de organizar os dados antes de adotar IA em grande escala. Como resposta a esse desafio, a Microsoft apresentou ao mercado indonésio o Microsoft Fabric.

O Fabric é um ambiente unificado que reúne engenharia de dados, integração, data warehousing, analytics e business intelligence em uma única plataforma. O serviço inclui recursos de Copilot que ajudam equipes a preparar dados e extrair insights sem precisar alternar entre várias ferramentas diferentes.

Em muitas organizações, as informações estão espalhadas por diversos sistemas internos e provedores de nuvem. O Fabric oferece um ponto único para consolidar essas fontes, o que pode contribuir para melhorar a governança, acelerar relatórios e reduzir custos. A plataforma foi pensada para equipes que buscam estrutura e padronização sem ter de construir, do zero, toda a fundação de dados.

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### Preparando a força de trabalho indonésia para uma IA prática

A agenda do dia não se limitou à infraestrutura. A Microsoft também destacou seu programa de capacitação em IA, o Microsoft Elevate, que entra agora em seu segundo ano. A iniciativa já alcançou mais de 1,2 milhão de aprendizes e tem como meta certificar 500 mil pessoas em competências de IA até 2026. A nova fase do programa colocará mais ênfase no uso prático, incentivando os participantes a aplicar a IA em situações reais, em vez de apenas aprender conceitos de forma teórica.

O treinamento contempla um público variado — professores, profissionais de organizações sem fins lucrativos, líderes comunitários e pessoas interessadas em aprimorar suas habilidades digitais. Os conteúdos são oferecidos por meio de ferramentas como Microsoft Copilot, Learning Accelerator, Minecraft Education e módulos específicos que mostram como a IA pode apoiar tarefas do dia a dia.

Durante o Summit, Dharma reforçou que nuvem e IA “são a espinha dorsal da competitividade nacional” e lembrou que infraestrutura só cumpre seu papel quando as pessoas estão preparadas para utilizá-la.

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### Rumo a um ecossistema de longo prazo

Todas essas iniciativas fazem parte de um compromisso mais amplo de US$ 1,7 bilhão assumido pela Microsoft para a Indonésia entre 2024 e 2028. O investimento cobre infraestrutura, apoio ao ecossistema de parceiros e desenvolvimento de talentos. Dentro desse contexto, a empresa também se prepara para sediar o GitHub Universe Jakarta em 3 de dezembro de 2025, um encontro voltado a desenvolvedores que busca incentivar a colaboração entre equipes de software, startups e pesquisadores.

A Indonésia quer se posicionar como um polo regional de desenvolvimento de IA segura e inclusiva. Com a expansão da região de nuvem Indonesia Central, a chegada de novas ferramentas de dados e IA e o foco crescente na qualificação da força de trabalho, o país começa a montar as bases para um crescimento digital de longo prazo.

As empresas passam a ter a possibilidade de construir sistemas de IA mais próximos de casa, desenvolvedores ganham mais recursos para criar e escalar soluções e trabalhadores contam com novos caminhos para adquirir habilidades práticas em IA.

Os próximos anos revelarão como essas peças se encaixam na prática, à medida que as organizações avançam da experimentação para o uso sustentado e estratégico da inteligência artificial.